Esta
manhã acordei com um espalhafato bairrista à minha porta. Ainda mal tinha
iniciado o processo de apaziguamento do morning glory do meu pincel, que me
obriga a fazer o pino todas as manhãs para conseguir acertar na sanita, quando
ouço o bradar do meu nome, em exaltação total: “Anda cá Patife. Abre a porta
que temos de falar. Isso de pinar e zarpar é para as gajas da margem sul. Não
julgues que te escapas assim. Eu não sou como as outras. Se não me queres mais
vais ter de me dizer isso nos olhos.” Curiosamente nenhuma mulher da margem sul
me fez um espetáculo de pé de chinelo destes à porta de casa. Mas pronto. Podia
ser do fraco raciocínio de quem acabou de acordar mas nunca percebi esta mania
do dizer as coisas nos olhos. Achas que o discurso muda por ver a tua linda
cara, patetinha? Mas olha lá, não posso só assomar-me à janela e dizer-te para
ires para casa e que não vai acontecer novamente? Eu acho que só tenho paciência
para aturar estas coisas porque reconheço que quem leva com este portentoso bacamarte,
secundado por um menear de ancas digno de ginasta olímpico, depois fica “ó-cio
ó-cio que não consigo agora voltar para aquelas coisinhas murchas e
enfadonhas”. Tento ser compreensivo porque lhes dei a conhecer um admirável
fundo novo e depois têm medo de não encontrar uma pichota que lhes preencha o
vazio criado pelo meu bordalo de proporções epopeicas. Daí a histeria que
algumas não sabem gerir e eu tenho o cavalheirismo e acto cívico de a tentar
aplacar. Por isso, mandei-a subir. Ouvia-lhe os passos a subir as escadas, trémulos,
apesar de vir a treinar o discurso, que bem a ouvi entrementes. Uma vez cá em
cima a ira parecia ter desaparecido. Quase que lhe encontrei um olhar terno. Mas
eu cá sou sabido e sei que aquilo ainda lhe está ali à boca de cena a arder no
peito. Como não queria prolongar o jogo, expliquei-lhe simplesmente que para o
Patife uma vez é ocasional, duas é relacional. Ui. O que fui dizer. Aquela estouvada
da crica, possessa da pachacha, pantufeira
de bocarra brocheira, devassa de bardanasca lassa, ficou com os olhos
raiados de sangue, vociferando que as coisas não são assim e que ela é
diferente e que não permite coisas destas porque é uma mulher que se dá ao
respeito e muito senhora de si. A forma como a aviei à canzana a noite passada
perante uma chuva de impropérios tira-lhe alguma credibilidade. Depois acabei
por finalmente conseguir abrir os olhos ainda meio-adormecidos e reparei no seu
singular rosto sob a luz solar que entra alaranjada e morna pela minha sala adentro
e se desmancha em cheio na sua face esquerda. E tudo se iluminou. Mas, princesa,
não me entres de manhã pela casa a dizer que és uma mulher cheia de pelo na
venta, quando na verdade o que tens é buço.
Ahahahahahahahahahhaha
ResponderEliminarÉ tudo tão bom que nem sei o que gostei mais!
Andas um bocado derretida, ora andas?
Eliminar(just asking...)
Não percebo a tua preocupação, queres desenvolver?
EliminarNada. Nenhuma, mesmo. Era só uma constatação. Nada de importante...
EliminarConstatação em forma de pergunta...
EliminarHavias de ir ver disso.
Just saying...
Era retórica, na verdade não carecia de resposta.
EliminarEntendo... O silêncio era a resposta certa..
EliminarNão bebas menos que não é preciso.
Nota que não me respondeste.
EliminarFumas o quê?
Não respondi ao quê?
Eliminar"É tudo tão bom que nem sei o que gostei mais!" é coisa que tenho a certeza que ouviria sempre após pinada, não estivessem tão derreadas sem conseguir articular um vocábulo ou voltar a coordenar a respiração. ;)
Eliminar:DDDDD
ResponderEliminar"fazer o pino"
as mulheres nem imaginam o nosso transtorno matinal
Tenta mesmo o pino. Melhorou substancialmente a minha fúria matinal assim como os níveis de pontaria. ;)
EliminarRessuscitaste, seu Patife? Só dei por ti agora, pá. E parece que já voltaste há uns meses valentes..!
ResponderEliminarFoi alguma miúda com "bons argumentos" que te retirou do estado de hibernação, ou quê?
Ahahahaha. Digamos que o Patife é um gajo que não sabe dizer que não a uma mulher. ;) A não ser que já a tenha papado. Uma vez é ocasional, duas vezes já é relacional. ;)
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