sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Os amores certos da vida

Por Maria das Palavras

Imagem Pixabay (free images) - https://pixabay.com/en/old-age-youth-the-hand-grandmother-360714/


Tropeçamos uma vida a tentar encontrar um amor a saber a certo. Não o encontramos naquele par de olhos azuis (ou seios redondos). Não o encontramos na esquina daquele bar ou no outro lado da estante da biblioteca. Não está nos corredores da faculdade a esconder um cigarro. Não é tipa de olhar guloso que trabalha nos recursos humanos. Não é o filho-de-uma--pêga do nosso ex que nos prometeu o mundo e nos deixou com uma freguesia isolada em Trás-os-Montes. Não é a mãe dos filhos que nos chupa o ordenado até ao tutano com a pensão de alimentos - diz que é para os filhos, mas trocou de carro três vezes nos últimos dois anos. Não é o playboy que te prometeu que contigo era diferente.

Não identificamos os amores certos como se nunca os tivessemos conhecido. E afinal até conhecemos.

São os amores perfumados de sopas de café e mantas ao colo ou pelas costas, copos de água todos diferentes, revistas do Reader's Digest espalhadas pela casa, passeios pela mão, ou de carro para ir encher garrafões de água à fonte, saber como se debulha o feijão e a que sabe o pão amassado a quatro mãos - uma par grande e enrugado, um par pequenino. Às vezes procuramos em desconhecidos (tantos) o amor verdadeiro e incondicional e esquecemo-nos que já o sentimos. Parabéns avó.

1 comentário:

  1. Há cheiros e sabores que identifico e identificarei toda a minha vida com a minha avó Mª do São João. Nela sabíamos ter o porto seguro de algumas tardes lá passadas, com o café temperado com açúcar amarelo e o pão com queijo flamendo (da Zinia), sabores e cheiros que não voltei a sentir na vida! Mas a memória não os esquece, nunca!

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