sexta-feira, 15 de maio de 2015

Diálogo doméstico. Se eu tivesse um cão, esse cão fosse cadela, e soubesse falar

 
Piotr M. Organa

— TU FAZ?
— Nada, levantei-me para esticar as pernas.
— TU VAI?
Não vou a lado nenhum. Mexi-me um metro. 
— POSSIR?
— Claro que podes, mas eu...
— VOU TAMÉM! TU FAZ?...
— Abro o roupeiro.
— EU AJUDE.
— Ajudavas mais saindo da frente da porta.
— EU AJUDE.

— (Suspiro)
— TU VAI?
— Voltar a sentar-me.

— POSSIR?
— Sim.
— EU COLO.

— Não, tu...
— EU COLO.
— Não há espaço e...

— COLO.
— Não. No chão e esfrego-te a barriga.
— EU FIQUE.
— Isso são os meus joelhos.
— BOM. AGORA MIMO.
— Já vai, aguenta. Tenho que chegar ao copo.
— MIMO MIMO MIMO MIMO MIMO MIMO. EU FIQUE NO COLO. MIMO MIMO MIMO. VOU BABAR. ESPIRRO TUA CARA.

15 comentários:

  1. Loool oh pah o que eu me ri .. é que há cães que é mesmo isso :D

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  2. aahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahhahahahhahahahahah

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  3. Pá, soberbo. Consegui ouvir a minha cadela a dizer isso tudo, e exactamente assim como escreves.
    Best post ever, sobre interacção humano-canino. Este não é um escrito, é um acontecido em tempo real.

    (estou entusiasmadissima porque adoro canitos, que não conheço este gajo de lado nenhum)

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    Respostas
    1. Tal como dizes, por algum motivo a minha alcunha é "O Mentalista". ^ ^
      Infelizmente o mérito é do bicho, limitei-me a traduzir. As melhores partes do diálogo pertencem ao animal, isto diz tudo sobre o autor.


      (aguardo em bicos-de-pés a tua contribuição. aqui onde estou já oiço a fanfarra)

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    2. O autor sabe que isso não é bem assim, mas a comentadora não está pra lhe criar maus hábitos, nomeadamente o do elogio.

      ( Credo! Não sabia que uma simples receita de bolo mármore podia suscitar tal algazarra... Imagine-se o que seria se tivesse devassado os segredos da família, e optado pelo chiffon, o coqueluche de minha avó...)
      era o coqueluche de minha Avó

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    3. ... que era. Era mesmo!

      (Isa, a tentar remediar frases ditas em duplicado e esquecidas de apagar, desde 1899)

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    4. ... que era. Era mesmo!

      (Isa, a tentar remediar frases ditas em duplicado e esquecidas de apagar, desde 1899)

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    5. O autor sabe que isso não é bem assim, mas a comentadora não está pra lhe criar maus hábitos, nomeadamente o do elogio.

      ( Credo! Não sabia que uma simples receita de bolo mármore podia suscitar tal algazarra... Imagine-se o que seria se tivesse devassado os segredos da família, e optado pelo chiffon, o coqueluche de minha avó...)
      era o coqueluche de minha Avó

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  4. Ai ai ai que vou morrer de tanto rir,kkkkkkkkkkkkkk!! Muito boa esta conversa!!

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  5. Simplesmente perfeito, a mistura certa de humor e ternura canina.
    E consigo recordar os gestos e expressões do meu cão neste diálogo... obrigada por isso :)

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