quinta-feira, 16 de julho de 2015

Sem casas não há ruas

Por Uva Passa



Ouvi dizer.
Sem casas não há caminhos.
É tudo terreno baldio.
Podemos até fazer um carreiro, uma vereda, um trilho, mas sem casas tudo se desvanece, tudo se confunde.
Não sei se estou no meio, se estou na margem, se estou no caminho certo, porque sem casas não há ruas, não há gente, não há nada.
E é neste preciso estado que me encontro, deprimida, num baixo relevo, sem comentários a aguardar moderação.
Ouvi dizer.
Sem gente não há verão, nem calor, nem procissão.
Mas és livre, oiço dizer.
A quem? Quem fala? Quem vê?
Não tenho casa, nem janelas.
Estou perdida.
No meio do nada.


Quem me dera, agora, ser uma Uva Passa, onde tudo passa.
Mas sem casas não há ruas.
Ninguém passa, a não ser um tempo onde nada se constrói.
Nem casas, nem uvas, e nem nada.

Hoje não é o meu dia de escrever no Desblogue.
Foi ontem, acho.
Desculpem esta cobardia, este Desnorte, este Desmerecer.
Não fui capaz de construir nada para mim, não fui capaz de escrever nada para ninguém.
Não fui sequer capaz de escrever e tem graça.
Tem graça como é que um único filho da puta nos destrói assim os caminhos.
Só por nos prender.
Em casa.

Mas isto passa.
Ai passa.











Metaphorical illustrations by Nick Sadek, from Illinois, U.S.
Nick Sadek is a dedicated and passionate illustrator and designer. He received both his B.F.A and M.F.A in illustration from the Savannah College of Art and Design in Savannah, Georgia. His illustrations have been recognized by groups like Applied Arts Magazine and The Society of Illustrators in Los Angeles. He currently lives and works in Downers Grove, Illinois.

3 comentários:

  1. Passa, sim. E depois voltas maior ainda.
    Beijo xxl, com abraço acoplado.

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  2. Uva, tu faz o favor de não te passares, óbistes?

    Beijos mil.

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  3. Já tinha dado pela tua falta. "Tudo passa, menos a Uva!" Já não sei onde li isto.
    Beijo

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