sábado, 29 de agosto de 2015

Tirem-me deste filme!

Por Gajo Porreiro



Nunca fui de dar confiança a quem não conheço bem, o que sempre correu a meu favor. Não que isto signifique que não sou sociável, porque até sou. O segredo, está em reduzir o número de pessoas que conheço a um grupo que realmente mereça a minha sociabilidade e mostrar-lhes que fizeram bem em não ir embora. 

 “Que grande coirão, foda-se! Quem é que este gajo pensa que é?”, é a primeira impressão com que fica a grande maioria das pessoas a meu respeito. Tendo noção disso, não só não me importo, como nada faço para a alterar. Amigo não empata amigo e só faz falta quem está.

Vivemos tempos em que a nossa vida é, com alguma frequência, assunto de conversa quando não estamos presentes e o advento das redes sociais veio ilustrar essas tertúlias, que escrutinam ao mais ínfimo pormenor, as fotos publicadas por quem é o tema da conversa. “Viste a foto que o G publicou? Que gaja tão boa, meu… A M é que deve ter ficado toda fodida com ele e um dia destes, o gajo chega a casa e tem os tarecos à porta”.

O que é que eu tenho a ver com o facto de A andar enrolado com B, ou que C tenha comprado um carro da marca X, quando teoricamente não ganha o suficiente para isso? Nada, zero, népia, caguei para isso. Conversas dessas causam-me uma irritação que leva a comichões, que por sua vez me obrigam a sair, o mais depressa possível, de perto de quem as está a ter.

O facto de trabalhar diariamente com várias mulheres também não ajuda à minha condição, antes pelo contrário. As pausas para fumar, por exemplo, são momentos hilários. As que ficam, cortam na casaca das que vão, sendo que raramente vão as mesmas duas ao mesmo tempo. Um mimo.

Depois há aquele tipo de conversa que na realidade não o é. Enchem-se chouriços para queimar o tempo, porque algumas pessoas acham que estar calado é falta de educação, ou não gostam de silêncios incómodos. Se percebessem que os “desbloqueadores de conversa” que arranjam, conseguem ser muito mais incómodos que o silêncio, o mundo seria um lugar muito mais agradável.

Resumindo: estou a perder a paciência para pessoas. Não é coisa recente, mas a situação tem-se agravado com o passar do tempo. A idade é capaz de ter influência, mas não acredito que seja apenas isso. Não fossem os terapêuticos kms que faço com o cão e era capaz de já estar a fluoxetina.

13 comentários:

  1. Por estas e por outras é que faço questão em não fazer parte dos que merece a tua sociabilidade.
    Adoro fofocar e saber quem come o que e não só onde mas também a que horas.

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  2. Pipocante Irrelevante Delirante27 de agosto de 2015 às 11:21

    Também há homens assim, que só estão satisfeitos a cortar na casaca ou a cuscar.
    Enfim, falar da vida alheia, excepto em condições especiais, faz-me um bocado de impressão.
    Se bem que há pessoas que efectivamente gostam que se fale delas, e fazem por isso.

    Enfim, quanto a conversas em termos mortos... há sempre o futebol, a política e o decote da gaja que se sentou à minha frente no metro anteontem. Bons tópicos.

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  3. Até parecia que era eu que tinha escrito. Concordo plenamente, só não faço pausas para fumar, mas percebo o conceito. E os kms com o cão são realmente terapêuticos. abraço

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    1. Não me queiram dar mais trabalho do que aquele que merecem.
      Estou a avisar.

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    3. Eu avisei.
      Vai mas é chatear o caralho.

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  5. Faltou aí outro motivo,mais do q dalar p cortar o silêncio, falam pq enquanto o fazem sp queimam mais uns cartuxos sem trabalhar...
    Eu era ter uma G3 e luz verde das autoridades...haviam de ver se o país n se tornava num sitio melhor...

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