Falar sobre televisão é tudo menos actual.
Acontece que gosto de metáforas e decidi inverter os papeis.
Hoje não é a televisão que me mete coisas na cabeça, hoje sou eu, com a ajuda do artista Zhang Xiangxi, que meto coisas na cabeça da televisão.
E isto é uma novidade, porque se fosse eu, ou qualquer telespectador minimamente comum a decidir o que colocava na cabeça da televisão, a grelha televisiva era bem capaz de se tornar mais apetecível.
Até lá, e enquanto a nouvelle television for apenas um patético e infantil delírio de fazer ecrãs da grossura do fio dentário, ao invés de fazer uma programação de real serviço público, estamos entregues a este foco de batérias, virus e todas as qualidade de excremento televisivo que nos entra retina adentro para nos infetar a flora neuronal.
É que se fosse só uma infeção por bacilo-cócós, aquela que as televisões nos pegam, qualquer antibiótico nos salvava da morte certa; o pior é que as televisões da atualidade têm outro tipo de doença muito mais abrangente e que importa referir aos nossos incautos telespectadores: as televisões da atualidade têm uma terrível doença mental.
São trágico-dependentes, muitas delas sem qualquer medicação ou controlo médico. A alienação pelo horror, de que padecem em larga escala, contaminam os cérebros mais fracos, mais cansados ou mais jovens, incapazes de discernir a realidade da ficção, misturando tudo e prejudicando o normal desenvolvimento dos consumidores.
Até eu, que já lhes apanhei as manhas todas, especialmente as que debitam nas notícias, acordo muitas vezes com a cabeça totalmente desarrumada. E isto é coisa para me deixar mal disposta um dia inteiro. Hoje de manhã, por exemplo, quando a minha mãe me ligou para saber se tinha sobrevivido às investidas do meu marido, a primeira coisa que lhe perguntei foi: 'então, há azar, não me digas que descobriram mais crianças do Boko-Haram grávidas dos sequestradores?'
Acontece que gosto de metáforas e decidi inverter os papeis.
Hoje não é a televisão que me mete coisas na cabeça, hoje sou eu, com a ajuda do artista Zhang Xiangxi, que meto coisas na cabeça da televisão.
E isto é uma novidade, porque se fosse eu, ou qualquer telespectador minimamente comum a decidir o que colocava na cabeça da televisão, a grelha televisiva era bem capaz de se tornar mais apetecível.
Até lá, e enquanto a nouvelle television for apenas um patético e infantil delírio de fazer ecrãs da grossura do fio dentário, ao invés de fazer uma programação de real serviço público, estamos entregues a este foco de batérias, virus e todas as qualidade de excremento televisivo que nos entra retina adentro para nos infetar a flora neuronal.
É que se fosse só uma infeção por bacilo-cócós, aquela que as televisões nos pegam, qualquer antibiótico nos salvava da morte certa; o pior é que as televisões da atualidade têm outro tipo de doença muito mais abrangente e que importa referir aos nossos incautos telespectadores: as televisões da atualidade têm uma terrível doença mental.
São trágico-dependentes, muitas delas sem qualquer medicação ou controlo médico. A alienação pelo horror, de que padecem em larga escala, contaminam os cérebros mais fracos, mais cansados ou mais jovens, incapazes de discernir a realidade da ficção, misturando tudo e prejudicando o normal desenvolvimento dos consumidores.
Até eu, que já lhes apanhei as manhas todas, especialmente as que debitam nas notícias, acordo muitas vezes com a cabeça totalmente desarrumada. E isto é coisa para me deixar mal disposta um dia inteiro. Hoje de manhã, por exemplo, quando a minha mãe me ligou para saber se tinha sobrevivido às investidas do meu marido, a primeira coisa que lhe perguntei foi: 'então, há azar, não me digas que descobriram mais crianças do Boko-Haram grávidas dos sequestradores?'
Socorro! Tenho uma televisão dentro da cabeça!
E é por isto que vou trouxe hoje um artista da atualidade: Zhang Xiangxi.
A metáfora implícita sugere que só o prazer da arte, o artístico, o belo, a cultura, a ciência, a educação, o desenvolvimento, e as boas práticas da humanidade, devem popular a grelha televisiva, já que a morte, o desespero, as guerras e a corrupção nada nos ensinam que nós não saibamos já.
Urge pois pensar fora da caixa, sob pena de acordarmos um dia totalmente desarrumados da cabeça, sob o jugo inclemente de uma terrível doença mental.
Créditos das imagens / artista: Zhang Xiangxi
tua e as metáforas dão -se muito bem. bom fim de semana.
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