quinta-feira, 11 de junho de 2015

Os cabrões blogoesféricos

Por Filipa Brás

Os cabrões blogoesféricos estão para certas leitoras como os cogumelos, aqueles grandes e gordos, estão para a humidade. Estão em franca expansão, alguém visionário e investidor havia de agarrar nestes gajos todos e nas massas que arrastam, e fazer um negócio qualquer. 
O pitch é rápido: normalmente são homens fisicamente desinteressantes, porém com alguma sapiência, há que dizê-lo com algum despudor. Ora, estando na posse da útil e perigosa informação de que a mulher se apaixona pelo que ouve/lê, está bom de perceber que está a puta armada. O cabrão blogoesférico não tem planos para deixar de ser virtual, pode parecer um tarolo à vontade, um trolha de palito na boca e unha mindinha nas alcagoitas, que tal não influencia em nada a sua fama. Regra geral não é solteiro mas virtualmente vale tudo por um twist que lhe alegre a prevertida blogoexistência e diverte-se com isto de brincar com tontas deslumbradas, as tais leitoras. Fervorosas militantes, não deixam passar um post em branco, tendo o extremo cuidado de não serem as primeiras a comentar para não parecerem demasiado desesperadas. Concordantes, só lêem maravilhas onde os outros reviram os olhos, encolhem os ombros e vão à sua vida. O cabrão blogoesférico alimenta-se destas pequenas demonstrações de afecto, vive de suspiros e afagos ao seu pequeno ego e cresce perante a possibilidade de perder o controlo que julga deter sobre as suas comentadoras. Gosta de ser vago quando troca emails e/ou comentários com as suas afagadoras de topo; é uma pequena vitória para elas, um grande passo para a condição feminina no geral, uma resposta do rei dos blogues, em que este diz uma merda qualquer que na maioria das vezes não é percebido muito bem, mas o que é que isso interessa? O mistério dá cabo da cabeça à mulheres, já se sabe. Pode ser uma merda, mas se estiver envolto nalgum mistério e num papel de embrulho mais-ou-menos, está tudo lixado, já não há descanso. 

Não chega a pisar o risco, nem quer, tem tudo muito bem definido; é cabrão mas tem cu e já se sabe que quem tem cu lá terá que ter medo. Afinal, o objectivo não é a real conquista, é a virtual. Só precisa de saber que consegue arrancar suspiros às mulheres, que exerce fascínios, que lhe digam como escreve bem e é enigmático, que elas associam tudo o que ele mostra a uma imagem de adónis, isto basta-lhe. E elas, pronto, elas fazem aquilo que as mulheres fazem quando se deslumbram: castelos na areia, em bases absolutamente estúpidas e infantis. 
A culpa é das mulheres, será essa a conclusão premente, perguntam-me? 
Respondo-vos clara e inequivocamente como é, aliás, meu apanágio: pá, sim e não. As mulheres são só parvas e os cabrões blogoesféricos, mais dia menos dia vão ter mesmo de perceber que isto de não foder nem sair de cima não tem graça nenhuma. Afinal, até os freaks têm limites.

8 comentários:

  1. Tens alguma coisa contra os trolhas, tens? Acaso algum de nós te fez mal, foi? É certo que alguns gostam de evidenciar as qualidades femininas verbalizando o que lhes vai na alma (que fica dentro das calças, como deves calcular) de uma forma, digamos, pouco polida, mas o que conta é a intenção, bolas.
    No que à unhaca concerne, desdizes de algo cuja utilidade desconheces, mulher. Mikado, conheces? Pois é. Todos apreciamos um bom joguinho de Mikado enquanto as betoneiras enchem as lajes.
    A partir de hoje, não contes connosco para te alegrar o dia, quando passares em frente a uma obra.

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  2. Ahahahaha. A culpa é das mulheres que gostam de dar rédea solta à confabulação do fantástico. ;)

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  3. :DDDDD
    Raios, Filipa!
    Isso sou eu sem o argumento das gajas, que não tenho quem me ligue. Poças, há 50 anos a destruir esperanças aos gajos, e aos cicloturistas!
    ;)

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  4. Só passei para ver se estava tão bom como de manhã... E está! :DDDDD

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  5. Espetacularmente bem analisado e bem escrito.

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