segunda-feira, 8 de junho de 2015

Quimera, ou devaneios em forma de blog



            Ecoará nestas palavras o repto lançado pela dúvida que sob batuta ditadora me levou a penejar num exercício isagógico de desblogar, perfilando-se diante de mim como dominatrix exigindo um despost acerca dos pressupostos intencionais dos bloggers e suas projecções magistrais, dilucidando entre factos e palavras como realidades distintas, qual masculino versus feminino, numa guerra de Ohs inteiramente diversos e diretamente acessíveis a todos.
            Nestas titubeantes incursões por territórios virgens onde nenhum mestre antes desblogara acabou por se enlaçar a vida com a vontade proporcionando o almejado diálogo universal, racional ou não.
            Foi então que ressoou o riso escuro do pavão sem luto, qual Incubus que nem Orfeu acalma nem Hércules subjuga. E, como se procurasse Eurídice por entre os fantasmas dos mortos, dei por mim a apalpar todos os corpos de Vénus vivas. Afinal, um blogger, qual Visconde D. João de Tenor, vive ligações heróicas e outras coisas emocionantes, permitindo imaginar o que se não sabe com desejos de o conhecer.
            Continuando neste campo de ficção paradigmática, ofereço-vos a minha perspetiva especulativa: um blog é invenção, astúcia, conversa, desonesto e é tão leal.
            Assim, movido pela intimidade confessional, com a culpa embargada num raro desabafo mortificado, reconheço que assassinei os factos e endeusei as palavras. Ato de Contrição!
Sem arrependimento nem condenação, proclamo como Auto de Fé:
Num blog cabem todas as palavras.
            Mesmo as que te engasgam.
                        As que não conheces e as que só tu conheces.
                                   As que te assustam e as que te acalentam.
                                               As que queres esquecer e as que nunca existiram.
                                                           As eternas.
                                                                       No teu blogue, cabem todas as tuas palavras.
                                                                                  Mesmo as que tens medo de dizer.
                                                                                                          Amo-te!


A melancolia do final rejeita asteriscos e um blog é também um jogo interferente, pelo que deixo a dissidência ao vosso critério.


(Caspar David Friedrich) 


Post gentilmente escrito por Outro Ente


30 comentários:

  1. Respostas
    1. Querida NM,
      Não ganhou.
      Embora inicialmente tenha acertado, deu depois o dito por não dito, magoando-me profundamente.
      Um beijo amuado,
      Outro Ente.

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    2. Meu querido Outro Ente...

      É *cof-cof* claro que não dei o dito por não dito... Estava a *cof-cof* brincar...

      E o que é lá isso de amuos...

      Vá... Aceite lá um enorme beijo desta sua.

      ...

      (Amigos?)

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    3. Já se percebeu que também não lida maravilhosamente bem com a verdade...
      Lá dizia João de Deus: "Um beijo é culpa, Que se desculpa: Dá?"
      Dou. Amigos. Para si:
      https://www.youtube.com/watch?v=IHRd0R-uKHc

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    4. :)

      (O *cof-cof* denuncia-me. Não se ser verdadeiro dá muito trabalho.)

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  2. A Filipa fez-lhe isso?
    (Hum, dominatrix... porque é que isso não me surpreende?)

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    1. Querida Mirone,
      Menina Filipa abriu-me os olhos para isto dos blogs profissionais. Por assim dizer. Anda tudo a toque de chicote: Post já, post para ontem, post corrigido, post formatado... Autch.
      E as dúvidas, por zeus, as dúvidas...
      (Porque é que não a surpreende?)
      Um beijo,
      Outro Ente.

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    2. Porque ela é uma ditadora do pior, com ela tem de andar tudo a toque de caixa. Eu própria tremo de medo de cada vez que ela me diige a palavra.

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    3. Na verdade é muito delicada. Mas lá que gosta das coisas "na linha", gosta. Eu também. É bom saber com o que podemos contar.

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  3. À att de ambas:
    Respeitem o artista. Este não é um post dado ao esmerdalho.

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    1. Querida Filipa Brás,
      Diácono Remédios não diria melhor: O artista é um bom artista... mas isso não lhe dá o direito de entrar em certos caminhos, eze..... caminhos do demo, hum!
      (O artista sou eu? Ena, quase me sinto o sujeito do "For He's a Jolly Good Fellow"... joli, isso quer dizer que além de artista, sou lindo.)
      Mais uma vez: obrigado.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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    2. Já cá não está quem falou (fugi com medo).

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    3. Oh!, mas porquê, se eu sou lindo?

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    4. brrrr, porque a Mna. Filipa não castiga o prevaricador. castiga todos os outros.
      fujo também!!!!

      (se o meu caro conhecesse as nossas condições de trabalho, uma cave escura, quente e húmida, agrilhoados a uma coisa que nos dá choques eléctricos progressivamente mais intensos quando escrevemos disparates...)

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    5. Ora, não é necessário!
      (a gente gostamos assim, como diria o treinador do SCP)

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    6. Caro onónimo,
      Ainda bem que é a menina *cof cof* Filipa que trata da sua prestação neste blogue porque se fosse eu nem força nesses dedinhos tinha para vir aqui descrever as condições de trabalho, tal seria a intensidade dos choque eléctricos.

      De nada, Filipa.

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    7. Estamos perdidos colegas!
      Inicio processos disciplinares sobre as Mnas. Filipa e Margarida, com o propósito de despedimento por justa causa.
      Não há condições...

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    8. Mas qual é o dress code nessa cave escura, quente e húmida?

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    9. Tanga e Remo, sob o rufar de tambores.
      Tange o chicote em demoníaca partitura...

      (apenas porque a ACT não permitiu fio dental nem a Cristina Ferreira a berrar; esta gente já sofre o suficiente, declamou o sr Inspector)

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    10. Então caro onónimo? A desvendar assim segredos dessa forma daqui a pouco não sei como vos arrumar a todos lá na cave!

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  4. O blogue de elite, mas não elitista.
    Grande abraço, meu caro Outro Ente.

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    1. Caríssimo JM,
      Fosse eu Tales de Mileto e diria que a elite dos blogs é o padrão constitutivo de uma qualquer ótica Virgiliana, com sede de chic e sem bloga.
      Um abraço,
      Outro Ente.

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    2. Fosse Vergílio, o nosso Ferreira e dir-lhe-ia que " não se pode verdadeiramente admirar senão quem está longe. Porque só a distância nos garante que não cheire mal da boca."

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    3. Muito bom, caro JM.
      Diria que fosse deste tempo e não olvidaria os odores do sovaco. À laia da fúria do açúcar.

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  5. :DDDDD

    Retirou o prazer lúbrico, nesse mofino esforço coagido, de "apalpar corpos de Vénus"!
    A veemência rigorosa da Mna. Filipa colocou o meu caro no caminho recto
    ("recto" da probidade, entenda-se)!

    Abraço, post delicioso!

    ____________________
    (desconhecia o termo "isagógico"; satisfaz-me sempre cada nova palavra ;)

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    1. Caro Onónimo Quiescente,
      Que a luxúria não se amofine.
      Muito grato,
      Outro Ente.

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  6. O menino está cada vez melhor, é só o que me apraz.
    Ah, e parabéns, claro.
    Beijos, Outro Ente.
    Linda Porca.

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