terça-feira, 23 de junho de 2015

Os presentes “gosta de mim por favor”.

Por Maria das Palavras



Fonte: https://www.flickr.com/photos/59632563@N04/6238711264


Quando andava na faculdade um dos meus colegas ofereceu a uma amiga minha por quem estava interessado um CD. Do nada. Lembro-me do burburinho que foi: “deu-lhe um CD original!” repetia-se em exclamação. Naquela altura todos trocavam cópias de CDs e portanto um CD original era muito perto de uma Pandora hoje em dia.

Ela, que era igualmente gira e querida (sim, odiamos essas), agradeceu muito, mas não mudou a atitude para com ele. Nem podia ser. Não gostava dele dessa maneira antes do CD original e não iria gostar depois.

Não vamos descartar completamente que o dinheiro pode trazer felicidade (a via que ele estava a tentar). Mas o sentido é inverso: o amor vem primeiro e o valor do dinheiro depois.


O dinheiro interessa mais (facilita, quero eu dizer) quando a fase do encantamento passou e um piquenique com Ruffles e sangria do LIDL já não é adorável ou uma noite a ver estrelas já não chega.  O dinheiro interessa ainda mais quando começa a haver contas para pagar. Convenhamos, há uma certa felicidade em viver o amor que temos com desafogo financeiro: ir alimentar a paixão às Maldivas em vez de Sesimbra, jantar fora uma vez por semana,  não ter de parar uma hora por semana a fazer contas ao que se vai abdicar para pagar a conta da luz (não!! os meus vestidos não!!)...Como se costuma dizer:  o dinheiro não traz felicidade, mas é melhor chorar no banco de pele do nosso Porsche, do que no assento do autocarro.

Contudo se não houver amor primeiro (algumas borboletas que sejam): queridos, até podem encher a outra pseudo-metade-da-laranja de esmeraldas, cause it ain’t gonna happen.
Não quer dizer que não consigam que alguém venha à rede assim, com presentes caros. Mas esperem peixe barato e com muita espinha. Nunca cherne.

3 comentários:

  1. Querida Maria das Palavras,
    Tem aqui um belo post. Assunto que daria pano para muito mais do que mangas. Mas, falou em cherne. E eu, quando me falam em cherne, lembro-me logo de Alexandre O'Neill e de Durão Barroso. Sigamos o cherne, minha amiga! Desçamos ao fundo do desejo Atrás de muito mais que a fantasia...
    Um beijo,
    Outro Ente.

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  2. Confesso que ao mencionar cherne também tenho sempre de abanar a cabeça para esquecer a imagem de oho esbugalhado de Durão. Em todo o caso a ideia era a mesma que tinha a esposa dele quando o comparou ao rico peixe. E por falar em peixe...está-me a dar a fome. Um bem haja.

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  3. Amor e uma cabana, o cenário perfeito de histórias de amor ao metro.
    Mas há histórias de amor e uma cabana que são vivências fantásticas entre dois seres.
    Não há fórmula mágica, se para uns é o tal amor e uma cabana para outros será iates e diamantes.

    Se cada um conseguir descobrir qual é a sua fórmula mágica já não é mau. E se depois de a descobrir conseguir realizá-la com alquimia aplicada é ainda melhor.

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